O fantástico LP "Jóia, Jóia" (1971, Odeon) marca uma série de mudanças na vida e na música de Wilson Simonal. As mudanças musicais podem ser notadas em todo o disco, e reforçam o fato de que a sonoridade de Simonal, sob a tutela do maestro Erlon Chaves, foi fortemente influenciada pelo soul e pelo funk norte-americanos. Como na fase da Pilantragem, o samba e a bossa continuam presentes, mas faixas como Gemedeira, Tristeza e Na Galha do Cajueiro seguem à risca a receita azeitada do suíngue negro, misturando jazz, soul, funk, samba e bossa nova e preparando o terreno para que o maior crooner do Brasil - sim, porque Simonal era e talvez tenha sido, ao lado de Roberto Carlos, o maior intérprete brasileiro da história - cantasse com a maestria e o açúcar que lhe eram peculiares. Já a vida pessoal de Simonal estava em pé-de-guerra; acusado de caguetagem (assim como Erlon Chaves) em plena época de ditadura militar - sem que ninguém até hoje tenha provado nada a esse respeito, diga-se de passagem - ele apenas assistiu a vendagem de seus LPs despencar, ano após ano. Triste, desprestigiado e hostilizado nas ruas e rádios, WS foi engolido pelo acaso. Para nossa alegria, seus discos continuam aí, para sempre lembrar ao mundo que um grande artista será sempre maior do que os joguetes que lhe são impostos. Salve, Simona!
* disco originalmente postado no OPS™ em 30 de janeiro de 2008.
01 - De Noite na Cama
02 - Gemedeira
03 - Impossível Acreditar Que Perdi Você
04 - Tristeza
05 - Tudo É Magnífico
06 - Lampião Em Prosas e Versos
07 - Garoa Diferente
08 - Você Abusou
09 - Na Galha do Cajueiro
10 - Fotografia
Magnífico.
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